sábado, 23 de setembro de 2017

Delegado pede que traficantes encurralados na Rocinha se entreguem

O delegado Antônio Ricardo Lima Nunes, titular da 11º Delegacia de Polícia, que abrange a Rocinha, fez um apelo, na noite desta sexta-feira (22), para os traficantes que estão na comunidade se entregarem. Ele disse que os integrantes da facção liderada por Rogério 157 estão encurralados no alto do morro, em uma região conhecida como Vila Verde.
O jornalista Misha Glenny: Glenny aponta para tensão entre Danúbia e Rogério 157, ex-aliado de Nem | Foto: Divulgação/ Ivan Gouveia

"Eu faço um apelo aos marginais que quiserem se entregar. Eles devem procurar os agentes das forças de segurança, podem vir à delegacia, podem mandar os familiares, que terão todo o tratamento digno e serão encaminhados à Justiça. Aqui, nós não queremos fazer justiçamento. Queremos buscar a verdade dos fatos e eles também têm direitos. Na delegacia, os seus direitos constitucionais serão preservados”, declarou o delegado.
Danúbia Rangel posa para foto: Segundo britânico, na Rocinha Danúbia é vista como forasteira | Foto: Reprodução/Facebook
"Danúbia, esposa do traficante Nem"


Lima Nunes adiantou que estão sendo pedidos mandados de busca coletivos setorizados, divididos por regiões da Rocinha, a fim de tentar prender os traficantes que promoveram uma troca de tiros no último domingo (17) com rivais da facção de Antônio Lopes Bonfim, o Nem, que está preso na Penitenciária Federal de Porto Velho (RO).
“Nós vamos pedir ao Poder Judiciário que conceda busca e apreensão em residências e áreas conflagradas. Em cima disso, vamos prender outros indivíduos e apreender armas”, disse o delegado. Ele informou que 27 criminosos já estão identificados, sendo que 11 já estão com mandados de prisão expedidos pela Justiça.De um lado, o antigo guarda-costas e atual desafeto, que assumiu o poder do morro depois da prisão do mentor. De outro, a mulher do ex-chefe, condenada por tráfico, foragida, mas que, nas redes sociais, ostenta os cabelos pintados bem louros, o corpo bronzeado com biquínis e decotes, óculos escuros de grife e colares de ouro com pingente de coroa.
Ainda é cedo para concluir que a invasão por traficantes no domingo e a disputa de poder na Rocinha, na zona sul do Rio de Janeiro, tenham sido ordenadas pelo traficante Antônio Francisco Bonfim Lopes, vulgo Nem, de dentro de uma prisão de segurança máxima, considera o jornalista britânico especializado em crime organizado Misha Glenny.
Danúbia Rangel: Danúbia é mulher e 'herdeira' de Nem | Foto: Reprodução/ Facebook
Mas o racha interno e a crescente tensão entre a mulher e "herdeira" de Nem, Danúbia Rangel, e seu ex-aliado e sucessor, Rogério Avelino da Silva, o Rogério 157, precedem o conflito, em uma disputa de protagonismo que pode ajudar a explicar o embate - que gerou fortes tiroteios e imagens de guerra de domingo para cá na maior favela do Rio.
Glenny conta a história de Nem no livro O Dono do Morro: um homem e a batalha pelo Rio(Companhia das Letras), lançado no ano passado.
Postagem de conta atribuída a Danúbia no Facebook: Danúbia, que aparece em conta no Facebook que seria sua, é a quarta esposa de Nem | Foto: Reprodução/Facebook


Em entrevista à BBC Brasil, ele considera que ainda há lacunas a se preencher sobre o papel que o ex-chefe do morro, preso em 2011 e atualmente em um presídio de segurança máxima em Porto Velho, Rondônia, teve no episódio.
Mas diz que Nem continua sendo "extremamente influente" na Rocinha e que Danúbia vinha buscando maior protagonismo na comunidade, com uma divisão de forças entre ela e Rogério 157.
"Claramente havia muita tensão entre o Rogério e a Danúbia. A única coisa que eu ainda não entendi é se a Danúbia estava agindo motivada por sua própria ambição, ou se estava representando, de fato, o Nem", considera Glenny. "Eu suspeito que se trate mais da primeira opção, mas essa é só uma interpretação minha."

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